quarta-feira, 23 de maio de 2007

quarta-feira, 16 de maio de 2007











1-
Ele quase toca a ponta da asa na água
à procura de alimento
o olhar atento
observando qualquer movimento sob a água
qualquer vulto, qualquer sombra
voa durante dias
tentando alimentar
o corpo cansado
o horizonte amarelo do entardecer
vem todos os dias
aumentar a fome e a solidão
tranquilo, majestoso, ele faz com que o ar
passe sob suas asas como um carinho
a sabedoria de seus movimentos
veio junto com a vida
tantos anos e o mar nunca se esqueceu dele
em um amanhecer calorento no meio do nada
ele avistou algo curioso
foi até lá e pousou numa forma fria e confortável
olhei para ele, apático sobre o convés
coração batendo forte
e a mente perdida
quando lhe estendi a mão com alimento
ele me tocou e finalmente,
sorriu...

2-
o mastro balança
a crista das ondas é branca como ele
de lá de cima ele olha a água
batendo no casco
e sente orgulho
das alturas inspeciona tudo, casco, brandais,
convés, velas, tudo certo
às vezes um balanço um pouco diferente
perturba seu sossego
mas ele logo identifica o problema
e a solução vem fácil
atrás, um tapete longo e uniforme
mostra sua estabilidade
as velas brancas e cheias
lhe dão um aspecto grandioso
quando o mar se enfurece
e mostra sua face amarga
ele mostra sua coragem
na noite estrelada
respira aliviado
a calma dos deuses
é capaz de seguir por mil anos levando
aquele corpo estranho lá embaixo
às vezes cheirando a peixe
às vezes sorrindo
ou reclamando de tudo
mas que nunca vai deixar de amá-lo
porque ele ainda não sabe falar...

3-
a vida passou e ele sente que agora
está mais vivo do que nunca
contempla a água cristalina e tranquila
do seu lugar mais querido
seu lar, seu ninho
se sente recompensado
por estar ali
apesar das profundas marcas
no seu corpo e sua alma
o coração está em paz
o lugar, espaço e tempo são perfeitos
olha para o lado e ela está lá
falante, atarefada
chorando, sorrindo
muitas lágrimas e aflições
foram necessários para chegar ao sol
o mar levou para longe
tudo o que se deve esquecer
e assim seguem numa alegria
serena e perene
uma chuva atrás de um vento
o dia atrás da noite
e o tempo que já não existe mais...

Ana
13.10.06

sexta-feira, 11 de maio de 2007




No topo de uma árvore
está uma semente
o tempo passa
ela se transforma em flor
e então em fruto
tem uma menina entre as folhas
olhando essa mágica estranha
durante um longo tempo
ela acolhe os poucos bichos que chegam
para se alimentarem ou ajudarem as flores
e a menina canta para a árvore
fazendo com que ela fique tranquila
todo aquele universo é feliz
aquele pedaço de verde solitário
muito distante dos outros
que perduram penosamente
num eterno verão sufocante...


Ana

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Me lembro que estava com a mente longe, não tinha nada para fazer. A faculdade ficou para trás e eu estava sem nenhuma perspectiva. Conheci um cara que não tinha muito a ver comigo mas era legal e perguntou se eu queria fazer parte da tripulação de um barco numa regata em Santos. Que mistério!!! Comecei a imaginar um barco de tamanho médio e eu sentada em algum lugar que não sabia o nome tomando sol e sentindo uma brisa calma em meus cabelos voando para trás jeitosamente em camera lenta... Ok, vamos lá!!! Entusiasmada, meio sem jeito e sem saber o que fazer porque não conhecia absolutamente nada do assunto me vi no convés de um veleiro no Iate Clube de Santos completamente atrapalhada olhando de um lado para outro para saber o que estava acontecendo. As pessoas ficavam no cais e perguntavam se poderiam fazer parte da tripulação e meu amigo dizia: sim, claro!! entre aí e faça alguma coisa! A correria era geral, arrumar velas, ajeitar os objetos dentro do barco para não voarem literalmente de um lado para outro, abastecer - água, sanduiches, bolachinhas, frutas e, é claro, cerveja para a comemoração. Os tripulantes se amassavam tentando fazer tudo o mais rápido possível. O barco ficou "pronto" e a regata começou. Pelo que eu tinha entendido cada um tinha uma função, piloto, velas, planejamento, etc, não sabia como se chamava nada mas era possível deduzir muita coisa. Eu não sabia, por exemplo que um veleiro normalmente navega inclinado, ou adernado, e que aquele monte de gente que fica sentado na borda serve para fazer peso para que o barco não coloque a quilha para fora da água e vire. O que é quilha!!!????? Queridinha, é aquela coisa que fica debaixo do barco para fazer peso para equilibrar com o mastro e as velas!! disse um dos tripulantes. Com o andamento da competição fui percebendo que o relacionamento das pessoas não era de todo agradável, gritos, climas, palavras não muito bonitas, falta de entrosamento e de colaboração não contribuiram para que chegassemos a algum lugar, tecnicamente falando... Ajudei como pude e no entanto recebi elogios pois, ao que pareceu fui a única que fez algo nesse sentido. O veleiro era pequeno e, na verdade, sua manutenção não fazia parte do livro dos recordes. Quando fui colocar a vela balão para dentro e abri um armário para ver se encontrava uma luva, de acordo com uma sugestão, encontrei uma das coisas que mais odeio na vida - UMA BARATA ENORME!! - em seguida fechei a porta me refazendo do susto e, neuroticamente cuidadosa, continuei trabalhando. Nos anos seguintes nunca vi uma barata grande dentro dos barcos nos quais trabalhei, só as pequenas, elas chegam debaixo dos rótulos das latas, nos cachos de banana e caixas de ovos e mesmo assim foram poucas. O último lugar foi comemorado por mim e meu amigo que resolvemos rir ao olharmos um para o outro e constatarmos o estado lamentável em que nos encontrávamos, ensopados e cansados! Apesar da experiência pitoresca esse foi o início de uma paixão... Velejar, viajar, olhar aquele monte de estrelas no céu, sentir o vento no rosto, o movimento suave e outras vezes firme do barco, o barulho do casco na água e as velas se encherem me deixa maravilhada. É um amontoado de materiais que parece ter vida e ser digno de amor. Comentavamos eu e uma amiga outro dia que velejadores idolatram seu barcos, uma roda de leme não é simplesmente "aquilo" mas um objeto maravilhoso para ser tocado com carinho e admirado!! Somos apaixonados...!!

Plêiades é uma constelação muito pequena e, para muitos, difícil de se encontrar. Minha mãe tinha fascínio por ela e toda vez que olho para o céu a primeira coisa que vejo são as Plêiades. Tinha uma ligação muito forte com minha mãe, ela colocou no meu coração e nas minhas veias o gosto pelas viajens e pelo mar.
quando gosto muito de um lugar estou levando em consideração tudo o que aconteceu nele e não somente os aspectos físicos. encontrei muita gente bonita e interessante por lá, muita gente que me fez sentir feliz!! eu estava trabalhando num catamaran com um dos comandantes mais gentis que já conheci e passei uns 6 meses entre cartagena, na colombia e san blas no panamá inesquecíveis.
aliás, essa "cabana" da foto é um hotel, dentro tem uma cama e uma mesinha de cabeçeira e o chão é a areia mesmo!!!! e muita gente faz reservas!!!
isso aí é pra todo mundo descansar... esse lugar é lindo!!! o acesso é somente por veleiros ou por avião foi o lugar que mais gostei durante minhas viajens...

consegui!!!!!!! legal, agora já posso contar tudo!!!!

não sei como...

droga!!! não sei usar essa coisa direito! como me acho aqui de novo???